Adorei esse texto. Em minha área de trabalho é muito comum se vivenciar o mundo das indagações. Nada mais atual e complexo, do que se discutir como os homens aprendem, como se deve ensinar, qual a melhor metodologia, que princípios e valores devem fazer parte da minha proposta de trabalho, etc... Mas, mesmo tendo lido muitos filósofos, teorias psicanalíticas, teorias metodológicas, assim mesmo ainda estamos longe de um universo real de aprendizado. Já percebeu quanto tempo gastamos com informações inúteis? Quanto tempo gastamos implantando propostas metodológicas, que nada tem haver com a nossa realidade, mas por ser de “Havard” ela é ótima? E aí, nos decepcionamos. O ensino torna-se um ato político, a aprendizagem não acontece, porque a sua linguagem nada nos diz e o trabalho passa a ser o reflexo daquilo que aprendemos, isto é, vamos para o trabalho sem nada saber. Será no trabalho que aprenderemos como se faz para desempenhar o trabalho que por ora deveríamos saber de cor e com eficiência. E aí, nos perguntamos, como pode isso acontecer?
Muito simples. Olhe ao seu redor e examine o seu ambiente de estudo. Não parece que somos todos iguais? Somos tratados como iguais, mesmo que você diga que adora vermelho e eu azul, somos iguais. A escola não olha o indivíduo, só vê a pessoa.A escola faz o discurso da inclusão, mas na verdade te exclui o tempo todo. Ande com roupas fora de moda pra você ver o que acontece. Duvido que você seja reconhecido, nem visto... O mundo é dos iguais e de quem "ganha" uma grande "oportunidade". Ainda estamos longe dos direitos iguais para todos... O poder público ainda vê a profissão dos professores como sacerdócio, acredita?
Para a escola a sua identidade não existe, para ela você tanto fez ou tanto faz, desde que você pague a mensalidade todo mês. Tornamos-nos seres vazios, sem valorização, sem crédito e principalmente sem desejo. E é o desejo que nos faz diferente. É o desejo que me move, é o que me faz pensar diferente. Mas, o desejo por si só, também não me leva muito longe se eu não souber quem eu sou, o que quero (quais as minhas crenças) e como quero conquistar as minhas idéias.
Hoje em dia um indivíduo que pergunta é considerada “um chato”, ou uma pessoa fora de contexto ou um Zé ninguém. Você já deve ter lido a síndrome do Zé Ninguém, não é? Pois é, até as crianças estão deixando de perguntar. Os pais se negam a responder aos seus filhos por falta de tempo e / ou curiosidade. Não sabem o estrago que estão fazendo.
A escola por sua vez para ser prática, não faz pergunta e nem é um espaço onde as perguntas caibam. Deixou de ser um laboratório de idéias para se tornar um espaço vazio.
O que eu penso não faz a mínima diferença, a não ser o que falo e não acredito, mas insisto em dizer o que acredito.
Por exemplo, acabamos de vivenciarmos um momento típico de vitória, que foi O Brasil sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Sinceramente, seria muito bom se eu estivesse feliz como a maioria, mas não estou. Não estou convencida de que este evento mudará a situação do Brasil e nem do Rio de Janeiro. Para minha cidade com certeza não será. Toda vez que o Rio de Janeiro faz um mega evento, no calar da noite, são despejados inúmeros mendigos em minha cidade. Sinto por não poder ajudá-los, pois aqui sobram indivíduos necessitando de ajuda urgente. Isso é só um dos males.
Sei que temos que crescer e temos esse direito. Mas ainda necessitamos de infra-estrutura, desde cultural até emocional. Não consigo ver como ser contamida por algo que não vivencio. Povo sem cultura (sem trabalho), não vivencia esporte, lazer, etc. E classe média e classe alta em feriados não ficam no Rio, nem que seja pra mostrar um ato de cidadania, como votar no seu prefeito.
Não consigo ver nada de bom, num país que paga um salário imoral aos professores. Num país que mente sobre a realidade educacional e as universidades por falta de verbas para as suas pesquisas, vive total abandono e discreto.
Não consigo ver cultura num país onde o seu maior valor ainda é o samba, mulheres nuas e futebol.
Já passamos dessa fase. Todos nós sabemos que a escola é o reflexo da sociedade que queremos construí.
Os homens que estão por hora nos dirigindo, já estiveram no mundo da pobreza e nem por isso vê a educação como algo primordial.
Eu rezo para que eu não esteja sendo pessimista. Rezo para que as escolas nesse país sejam freqüentadas por todos e que cada cidadão tenha direito de um estudo decente.
Rezo para que as pessoas de bem ainda sintam forças para não se calar, não se intimidem diante da pobreza, diante da falta de vagas nas escolas e diante da falta de saúde pública decente. Que possamos ser indivíduos únicos e fortes no ser e agir. E que daqui a 7 anos possamos desfrutar de nossas conquistas de cabeça erguida.
Natalicia Alfradique P. Azevedo
Professora, Psicopedagoga e Orientadora Educacional
Observção do autor do blog: UMA GRANDE AMIGA, que conquistei neste mundo virtual, que espero manter por toda a vida e com a qual tenho certeza, ainda terei a possibilidade de conhecer pessoalmente, para como está mesmo diz, não perder a oportunidade de um bom papo juntos.
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