COMO TRANSFORMAR INFORMAÇÕES EM CONHECIMENTO



PASSOS PARA FAZER DO PROFESSOR UM ARTESÃO DE INTELIGÊNCIAS E UM CONDUTOR DE DESAFIOS

Resumo do estudo, por: Francisca Francineide Cândido – Psicopedagoga.

PASSO 1- O professor deve empregar em todas as oportunidades à Aprendizagem Significativa, eliminando atividades que conduzem a uma aprendizagem mecânica. Vejamos o que o autor fala sobre aprendizagem significativa e aprendizagem mecânica:

- Aprendizagem significativa: é o processo pelo qual uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva à estrutura cognitiva do aprendiz, ou seja: efetiva-se a interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. O professor necessita ser um pesquisador dos saberes que o aluno possui, saberes que adquiriu de sua vida, de suas emoções, de suas brincadeiras, de suas relações com o outro e com o mundo, e, fazer dos mesmos "ganchos" para os temas que ensina. Se vai falar sobre o clima, por exemplo, deve começar com uma coleta do que o aluno sabe, não só sobre o ar e o tempo, o vento e a chuva, o calor e o frio, mas, também sobre a vida, o espaço, as sensações e, usando esse saberes, do próprio universo do aluno, da linguagem com que expressam seus sonhos, inquietações experiências e alegrias, deles fazer um meio para se explicar os conceitos desejados. Trabalha a memória de longa duração.

- Aprendizagem mecânica: a aprendizagem é automática, processa-se por repetição incessante da informação, até que o cérebro a registre, ou associe ou faça uma conexão com outra já existente, porém não conduz à construção do conhecimento. Afirmar em uma classe, por exemplo, que "clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera em um ponto da superfície terrestre, é convidá-lo à aprendizagem mecânica. Memória de duração limitada.


PASSO 2- O uso em todas as aulas e em provas das habilidades operatórias

Para o autor, a aprendizagem se organiza no cérebro, de maneira mais completa, quando se solicita do sujeito sua açao sobre o conhecimento, e esta se manifesta mais organizada quando atravessa diferentes habilidades operatórias. Chama a atenção de que o professor ao invés de dar a matéria, expondo oralmente o saber como uma propriedade pessoal que se transfere, deve ajudar o aluno a se construir como agente de sua própria aprendizagem. Por exemplo: ao lê uma poesia aos alunos solicitando- lhes sua repetição, está estimulando apenas uma ação cerebral, mas quando solicita que comparem, analisem, sintetizem, descrevam, classifiquem uma poesia, existem estímulos diferentes proporcionando diferentes ações, e, desta forma, tornando bem mais acessível sua transformação em conhecimento. As Habilidades Operatórias devem ser usadas por nível de ensino ou na idade em que se encontra o aluno, caso não tenha explorado a faixa etária correspondente.

Habilidades Operatórias aplicadas por nível de ensino


PASSO 3 – "A alfabetização " do aluno para as múltiplas inteligências possíveis de serem usadas para a compreensão de uma idéia.

Inúmeras linguagens nos acompanham no nosso dia-a-dia. Com um olhar atento sobre a vida e o tempo, o professor deve ser um "älfabetizador de linguagens" para que o aluno perceba essa multiplicidade de formas usadas para comunicar idéias. Uma pintura (Portinari e suas telas), um texto (Machado de Assis e a beleza de seus textos), uma música, sua letra ou sonoridade (Villa – Lobos), um poema, o desenho ( Niemeyer e suas formas em movimento), um dado estatístico em um gráfico, um mapa qualquer, uma planta (Burle Marx e seus jardins), uma dança e outras formas de comunicação constituem "linguagens" que expressam conteúdos, e a sala de aula é o espaço ideal para que as mesmas sejam descobertas.

PASSO 4 – A re+leitura das informações através do manejo consciente do universo vocabular do aluno. Pensar é agir sobre o objeto e transformá-lo.

Uma releitura aproxima o aluno da apropriação do texto. Sua ampla exploração para que se compreenda as idéias, sua hierarquia, sintaxes, harmonia, emoções que desperta, associações a tudo quanto sabemos e conhecemos, num verdadeiro "mastigar" de palavras, estimulada por pesquisa em grupo, sua transposição para outras linguagens, acordando as lembranças que o texto desperta, leva o aluno a pensar e agir sobre o objeto e transformá-lo. Esta prática leva o aluno a participar ativamente do seu próprio aprendizado, permitindo a experimentação de diferentes tipos de pensamento: finalização, realista, perseverante, ágil, elaborador e outros. Uma notícia de um jornal, uma informação do livro didático ou outro texto pode ser excelente recurso para que o aluno explore sua inteligência lingüística (criando metáforas, inventando títulos, inventando final de histórias, transformando em verso), sua inteligência lógico-matemática (descobrindo estatísticas, propondo médias, construindo gráficos, mapas), sua propriedade viso-espacial (explorando desenho, pintura, som, transformando em filme), sua competência sonora (criando paródia em um fundo musical conhecido), sua inteligência sinestésica (movimentos, mímica, expressão corporal), habilidade naturalista (refletindo valores e postulados ecológicos), sensibilidade emocional (associada a as relações inter ou intrapessoal) .

PASSO 5 – Eleição dos macro objetivos de cada capítulo ou eixo temático.

O autor considera a quantidade de itens e tópicos dos temas de todas as disciplinas, em todas as séries, muito acima do que é possível ser trabalhado em um ano. Destaca também que os anseios, necessidades, esperanças e principalmente a realidade espacial e temporal de um aluno de Manaus, por exemplo, é diferente da de outro de Porto alegre; e que as bagagens de saberes que um aluno urbano precisa nem sempre são as mesmas que precisa o aluno do meio rural. Lembra que, ninguém melhor do que o professor para conhecer o aluno e sua circunstância. Por isto, sugere que o mesmo selecione temas prioritários, de sua vasta programação, segundo os objetivos essenciais, separando os que são imprescindíveis, úteis e práticos, daqueles que são interessantes, transitórios e despertam curiosidades. Para que a aprendizagem seja significativa, o professor deve ensinar o aluno a se servir desta verdadeira "refeição por quilo" e não entregar o "prato feito". Pouco - a - pouco "o aluno se transforma num agente selecionador de seus saberes".

PASSO 6 – A contextualizaçã o espacial e temporal de todos os temas trabalhados.

O grande pintor gaúcho Aldo Locatelli ao reproduzir a Via Sacra retratou pessoas atirando objetos, como latas de refrigerantes e tênis, à passagem de Cristo. Concordando com o autor (26), essa tela é um bom modelo de contextualizaçã o pois embute numa imagem do passado o contexto da atualidade. Fica claro que a contextualizaçã o leva o aluno a perceber que sua realidade e a realidade do seu meio constitui o cenário onde se aplicam os fundamentos aprendidos em outros ambientes ou em outros tempos. O professor deve buscar construir e propor exemplos de contextualizaçõ es, como: notícias do dia-a-dia podem contextualizar os temas da História; construção e transformação de paisagens – Geografia, chute do artilheiro e motor do automóvel – Física, pia da cozinha e desodorante do banheiro – Química, a natureza e a respiração do corpo – Ciência, gôndolas dos supermercados e contabilidade pessoal – Matemática.

PASSO 7 – Uso em sala de aula dos princípios da reversibilidade, da divergência e da convergência.

O princípio da reversibilidade é aquele que o aluno descobre que todo aprendizado pode ser examinado na perspectiva da engenharia reversa do que se aprendeu. Se a explicação de uma idéia, hipótese, equação ou teoria vai do começo ao fim, é essencial que se aprenda a retornar do fim para o inicio. Exemplo: quem vê numa panela - azeite, ovos e sal = omelete, também sabe olhar o omelete e decompô-lo em sua estrutura, fazendo o caminho oposto.

Além do princípio da reversibilidade, o professor deve explorar o pensamento divergente (um fato, evento, equação, hipótese, ...) explorado a partir de diferentes idéias e o convergente (reúne diferentes idéia em torno de um fato, ... ), extraindo os mais diferentes possíveis. O ato pedagógico requer mente aberta, atitude investigativa e capacidade de problematizar mais do que responder a dúvida do aluno.

PASSO 8 – Uma avaliação contínua e não pelo ótimo do sistema de provas ocasionais.

Na educação brasileira criou-se uma cultura falsa e perniciosa de que o saber, a inteligência ou a capacidade de aprendizagem de um aluno se mede através de "notas", tal como se avalia o "peso" de um produto em uma balança.

Estudos sobre a mente provam que aprendizagem se constrói não por acúmulo inatista, mas por um processo contínuo, o qual evidencia "o progresso do aluno no uso de conexões, no emprego de habilidades, no poder de construir novas contextualizaçõ es e na sensibilidade para perceber linguagens diferentes". Por isto, a avaliação de desempenho deve ser contínua, de caráter permanente, centralizada no aluno, na observação e registro efetivo do seu progresso, observando a maleabilidade na maneira de encarar um problema e pensar soluções, completamente diferente do sistema de provas ocasionais, com atribuição de notas, usadas mais como um meio de punição, de aferição de acerto ou erro, de inclusão ou de exclusão.

PASSO 9 – O uso de estratégias pedagógicas empolgantes ou diversificadas

As estratégias pedagógicas que o/a professor/a adota devem despertar interesse e envolver o aluno mais significativamente para que a aprendizagem se efetive. A aula expositiva é um excelente recurso para a aprendizagem significativa, mas é importante alternar com outras estratégias atrativas, para não cansar o aluno com a mesma estratégia, das sete horas da manhã às onze e meia. Da mesma forma, deve se preocupar com o uso das estratégias adequadas, em função da série. As estratégias recomendadas para as série iniciais do Ensino Fundamental são diferentes das do Ensino Médio. Um jogo de palavras, Círculo de Debates, Jogo do Telefone, Cochichos, Projetos de Pesquisa, ...., são excelentes ferramentas para a aprendizagem significativa.


Celso Antunes, Fascículo 2. 5º Edição, Editora Vozes, Petrópolis. 2005.
"Educar significa modelar o presente e lançar as bases para o futuro".

"A sala de aula hoje necessita ser a oficina do amanhã".
"O professor é um artesão de inteligências, um condutor de desafios".

"O mundo de amanhã será da maneira que os professores o fizerem"... . "Se quiserem, deles farão facínoras ou assassinos, ou, se preferirem, criaturas justas e íntegras".

"O professor precisa ter o cuidado para que os alunos não percam o encanto e a alegria descoberta no inicio do seu caminhar".


1 comentários:

Unknown disse...

excelente texto

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