Jogadores brigões do futebol brasileiro provam relação entre raiva e frustração

Pancadaria revela como é complicado lidar com o fracasso e com as expectativas.

Campo de futebol, infelizmente, não é palco só de gols sensacionais, dribles geniais, defesas impensáveis e conquistas suadas. Quem não se lembra da cabeçada homérica que o francês Zidane mandou no peito do italiano Materazzi na partida decisiva da Copa do Mundo 2006? No Brasil, a coisa já virou rotina. Quando os ânimos se alteram, a pancadaria rola solta, o jogo para, a polícia tem que intervir e o torcedor assiste a uma batalha primitiva. E as brigas não se resumem a jogadores de times adversários. Na noite desta quarta-feira (18), a festa de socos e tapas trocados pelo atacante Obina e o zagueiro Maurício, ambos atletas do Palmeiras, durante a partida contra o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro, deixou todo mundo de queixo caído.

Pensando nisso, foi feita uma seleção dos 7 maiores brigões do gramado brasileiro. E, para ajudar essa turma a lidar com o sentimento de raiva que aflora no calor da discussão,  buscaram  a opinião do psicoterapeuta Chris Allmeida, para saber como lidar melhor com isto. Ele disse: "A raiva é irmã mais velha do fracasso. Se valorizo demais esse sentimento, é por que deposito sempre no outro aquilo que é minha obrigação", quando perguntado como a raiva pode influenciar em um momento adverso dentro de campo. Confira alguns dos brigões mais famosos e os mais recentes e o que disse o especialistas:

Obina: depois de brigar com o companheiro do próprio time no intervalo do jogo contra o Grêmio, o atacante foi demitido do Palmeiras. "Quando estamos com raiva em excesso acabamos fazendo coisas que jamais iríamos fazer em outros momentos, por isso é importante controlar os sentimentos", diz o psicoterapeuta

Mauricio: o zagueiro que duelou com o seu colega de clube também foi demitido do Palmeiras. Após a briga, deixou o campo chorando. "Na hora da raiva, a sensação de angústia e mal-estar sempre supera a racionalidade, agimos por impulso, e depois nos arrependemos", explica Chris Allmeida

Fábio Costa: as brigas que envolvem o goleiro do Santos também são bastante frequentes. "Sentimos raiva por que não temos nossas expectativas concretizadas. Só que o outro não tem que, necessariamente corresponder as nossas expectativas, mesmo quando a causa é a injustiça ou a humilhação. Não somos iguais", explica o psicoterapeuta

Dagoberto: o meio-campo do São Paulo já apresentou comportamentos agressivos antes, mas foi, recentemente, num jogo contra o Grêmio que protagonizou uma briga em campo acompanhado de outros dois jogadores do tricolor. "Resolva o problema conversando com o outro e tenha sempre em mente que ele não tem a obrigação de corresponder as suas expectativas", sugere o psicólogo

Borges: depois da briga contra jogadores do Grêmio, o atacante do São Paulo recebeu uma punição do Tribunal Superior de Justiça Desportiva de até 540 dias sem poder jogar por ter agredido o atleta do time rival. "Acabamos depositando a culpa pelo fracasso nas pessoas que estão a nossa volta, é por isso que a raiva é um sentimento contraditório", diz o especialista

Diego Souza: o jogador do Palmeiras também já se envolveu em diversos episódios que resultaram em violência dentro de campo. "Quando não espero do outro aquilo que posso fazer por mim mesmo, não há frustração. Se a pessoa não sabe lidar com a frustração, pode desenvolver quadros de depressão e estresse graves, que só serão curados quando o paciente aceitar que a realidade nem sempre corresponde ao esperado", alerta o psicólogo.

Domingos: o ex-jogador do Santos, hoje na Portuguesa, que já brigou em campo com Diego Souza, também já foi vítima do descontrole e partiu para a pancadaria. "As pessoas precisam aprender a controlar esse sentimento, principalmente quando ele vira motivo de violência", explica Chris.